EXPEDIÇÃO DA LINGUAGEM
CURIOSIDADES COLETADAS NAS
EXPEDIÇÕES DO PROJETO VOZES PERSISTENTES
O idioma koro não foi o único a
ser registrado pela primeira vez por uma expedição. Também a língua falada pela
tribo kallawaya, Bolívia, na divisa com o Brasil, nunca havia tido as
expressões registradas. Cópias do material coletado foram entregues ao
Ministério da Cultura da Bolívia, que não tinha registro dela em seu acervo. No dia a dia, este grupo usa o
espanhol e outra língua local, o aymara, para comunicar-se. Mas se o objetivo
for trocar informações sobre o conhecimento milenar de plantas medicinais, o
grupo usa uma língua secreta, que só é passada de pai para filho ( ou avô a
neto). Hoje é falada por cem pessoas. Saber como e por que essa língua tem
sobrevivido há mais de 400 anos após a queda do império inca é um mistério, até
mesmo para a equipe de Harrison.
A língua ache, falada no leste do
Paraguai, era usada por grupo de pessoas que, até 1970, eram apenas caçadores e
coletores, sobrevivendo só na floresta. Após o contato com a civilização, que
levou doenças à população, o governo paraguaio obrigou o grupo a viver em
reservas. É por terem continuado a manter contato direto com a natureza que
esse grupo possui vocabulário ligado ao mundo natural. Sem esse contato,
possivelmente a língua morrerá.
Na Sibéria central, muitas línguas estão em
processo avançado de extinção. Uma delas é mednyj
aleut. Ela intriga os linguistas: enquanto a maioria das línguas possui uma
língua-mãe, esta tem duas “mães”, o russo e o aleut. Ela é transmitida omo aleut, mas com terminações verbais e
muitas palavras russas misturadas ao vocabulário.
Idiomas aborígines da Austrália são dos mais ameaçados do mundo. Muitas no
sul e no leste do país já foram perdidas. Grupos aborígines são pequenos e
dispersos por causa de uma história de conflito com os colonos brancos . Muitos
sobrevivem para manter a língua e cultura, como o idioma gudanji, que hoje possui cinco falantes.
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Mulheres da cultura remo, na Índia, cujo idioma pode ser salvo pelo
projeto de dicionário falante
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Os "dicionários falantes" são resultado do trabalho realizado
desde 2004, com a criação do Living Tongues Institute for Endangered Languages.
Nos primeiros anos de trabalho da organização, Harrison e Anderson estudaram
critérios que seriam usados para a indicação das áreas investigadas, daí a
definição do conceito "languages hotspots", que são as regiões com
alto nível de diversidade linguística, mas com grande risco de extinção
(quantidade reduzida de falantes) e pouca documentação prévia. Foram definidas
20 áreas prioritárias a serem trabalhadas e classificadas com alta, média ou
baixa complexidade
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